Chegamos ao novo milênio e, com ele, à intensificação das diversas formas de preconceito. Esse problema não é algo recente. Contudo, tem se intensificado nos últimos anos e se refletido continuamente nos mais diversos âmbitos sociais. Tal situação fez com que ele adquirisse outras denominações, como bullying. Mas, independentemente de sua denominação, esse mal leva as pessoas a julgarem outras com base em
diversos fatores, tais como: sociais, econômicos, linguísticos, etários, de orientação sexual, de aparência física, de cor, etc.
Essa nova denominação, bullying, tem sido objeto de inúmeras discussões, ganhando espaço em diversos meios de comunicação. Ele pode ser definido como ato de violência por meio de palavras, gestos e ações. Dito de outra forma, ele pode ser conceituado como ato de agressão, intencional e repetido, por intermédio da violência física ou simbólica (psicológica). Tais atos podem ser cometidos por uma pessoa ou por um grupo. Em geral, eles têm como objetivo se sobrepor a alguém ou a um grupo concebido como inferior. E, ainda que não tenham fundamentação alguma, os agressores atacam suas vítimas de forma impiedosa para evidenciar sua preponderância e superioridade.
Esse mal ocorre de inúmeras formas. A primeira delas é a indireta, em que o bullyng, na maior parte dos casos, por meio de atos velados e discretos, como olhares, imagens e ilustrações depreciativas, comentários maldosos e negativos, etc. Em alguns casos, tais comentários podem até abranger a família da vítima, o que se conceitua como agressão social, que, muitas vezes, ocasiona o isolamento da vítima.
Entretanto, na maior parte dos casos, a violência acontece de forma direta e agressiva. Nesse caso, ela ocorre através de agressões físicas, gestos ameaçadores, chantagem, recusa social, diversos tipos de crítica (à aparência, às vestimentas, à orientação sexual, à etnia, à regionalidade), submissão da vítima a situações constrangedoras e problemáticas diante de outras pessoas, etc.
Além dessas duas formas, existe uma terceira, que se dá com base nas Tecnologias da Informação e Comunicação, as famosas TICs. É o bullying virtual, mais conhecido como cyberbullying. Nesse caso, as vítimas são expostas em sites de bate-papo e de relacionamento por intermédio de comentários depreciativos, falsos perfis da vítima e, sobretudo, publicação de fotos (muitas delas montagens). Diante desse cenário, percebe-se que sua disseminação é tão intensa que não ocorre apenas presencialmente, mas também virtualmente.
De todas as formas ele ataca suas vítimas e, acima de tudo, as diferenças, que são percebidas como inferioridades. Assim, todos os atos de violência, cada qual à sua maneira, ocorrem em função da intimidação e da humilhação. Com isso, eles atingem a autoestima de seus alvos e, especialmente, restringem acessos, privando o cidadão de seus direitos.
Todos sabem que, nas últimas décadas, a ciência progrediu bastante, o que ocasionou grandes descobertas científicas e avanços tecnológicos. Tal situação propiciou o surgimento de diversas concepções positivas acerca da evolução da espécie humana. Contudo, a evolução do ser humano não se restringe à multiplicação de recursos e artefatos tecnológicos, mas, sobretudo, engloba os aspectos imateriais das pessoas. Nesse sentido, é primordial que elas evoluam em termos de condição humana.
Silvio Profirio é aluno do curso de Letras da UFRPE.
Email: silvio_profirio@yahoo.com.br.
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